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Blog - Ale Toledo

Como (e por que) me tornei vegano


É só ligar a TV ou abrir um site de notícias para perceber que nossa relação com o meio ambiente está MUITO longe de ser equilibrada. Vimemos em uma espécie de torpor sendo cada vez mais incentivados a consumir coisas das quais, muita vezes, nem precisamos. E nesse ritmo acelerado de consumo, quem paga a nossa conta é o meio ambiente.


Quando era mais novo, eu não conhecia praticamente nada sobre vegetarianismo e o veganismo, mas os relacionava apenas ao fato de as pessoas não comerem carne e produtos de origem animal porque sentiam pena dos animais.


Esse raciocínio não está errado, mas ele não abrange todo o espectro de pensamento e posicionamento político/social relacionado sobre tudo ao veganismo.


A minha jornada


Quem me vê hoje comprando alimentos nas feiras, nem imagina o quão limitada era a forma como eu me alimentava. As minhas refeições eram compostas basicamente por arroz, feijão e uma carne, APENAS.


Eu não comia tomate, alface, nenhum tipo de verdura ou legume, nenhum fruta. E também não era que eu só comia basteira, porque eu também não gostava de katchup, mostarda, salgados de lanchonete e nem de lanches como mcdonald's.


Acontece que em 2012 eu fui fazer um intercâmbio e fiquei morando um ano na França. Estar imerso em outra cultura é um aprendizado enorme e naquele ano eu decidi que eu iria viver aquela experiência intensamente. Isso incluía experimentar a culinária local.


Por sorte, conheci uma amiga que me guiou nessa jornada pela descoberta de novos sabores. Ela me ensinou a fazer molhos maravilhosos para comer com as saladas, me levou em restaurantes locais e me fez provar diversas coisas diferentes. Naquele ano, a minha relação com os alimentos mudou completamente. Após 23 anos de refeições extremamente limitadas, eu dei o primeiro passo em direção a uma alimentação mais saudável.


De volta ao Brasil, minhas refeições já incluíam (de forma bem modesta) uma salada e alguns legumes, mas ainda era totalmente baseada no consumo de carne.


Foi quando que, em 2014, comecei a fazer yoga e ter mais contato com pessoas que eram vegetarianas. Nesse período eu assisti documentários como “A carne é fraca” e “Terráqueos’ que me impressionaram bastante e despertaram em mim uma sensibilidade para a questão animal.

Mas foi no começo de 2016 que um retiro de yoga me fez abandonar o consumo de carne. Eu havia me inscrito nesse retiro e vi na programação que todas as refeições seriam vegetarianas. Como eu já estava com a intensão de reduzir o meu consumo de carne, pensei: na semana anterior ao retiro, não vou comer carne para ir acostumando o meu corpo e ver como vai ser essa experiência. A minha ideia era que, ao retornar do retiro, eu iria gradualmente diminuindo a carne até parar totalmente. Acontece que após o retiro, eu eliminei de vez a carne das minhas refeições de maneira abrupta. Achei que eu algum momento sentiria vontade e teria uma “recaída”, mas não foi o caso.


Não pense que minha dieta se tornou saudável apenas por ter parado de comer carne. Foi um período longo de adaptação no qual eu comia muito queijo, não diversificava muito os alimentos, comia fritura. Aos poucos eu fui ajustando melhor a forma de me alimentar de forma mais saudável.


Foi um processo muito bom para mim, mas ainda havia na minha cabeça que não era o suficiente, que se eu realmente quisesse me posicionar contra aos maus-tratos animais, eu deveria dar o próximo passo e eliminar de vez o consumo de todos os produtos de origem animal.


Em novembro de 2019 decidi que iria parar aos poucos o consumo de queijo e leite, que eram alimentos muito presentes na minha vida. Porém, mais uma vez o processo aconteceu drasticamente, eu parei de consumir tudo de origem animal de uma vez, e novamente minha experiência foi a de uma transição tranquila, sem ter vontade de comer derivados de leite (exceto sorvete, que no começo foi mais tentador pra mim).


Foi dessa forma que minha alimentação passou de totalmente restrita e baseada na carne à totalmente baseada em plantas. Porém, ao longo desse processo, muito aprendizado ocorreu e minha opção pelo veganismo não se restringe apenas a ter uma dieta saudável e equilibrada. Envolve um posicionamento político e de cunho social.


A diferença entre Vegetarianismo e Veganismo


De forma bem simples e resumida, o vegetarianismo está relacionado com as pessoas que excluem produtos de origem animal da alimentação. Existem os ovolacto vegetarianos que retiram apenas a carne das refeições, mas continuam consumindo outros produtos de origem animal como ovo, manteiga, leite, etc (como foi o meu caso quanto me tornei vegetariano). E tem também o vegetariano estrito, que é aquele que para de se alimentar com qualquer tipo de produto animal.


Já o veganismo é um estilo de vida que não se restringe apenas à alimentação. A pessoa deixa de consumir qualquer produto de origem animal tanto na alimentação, mas também nas roupas (não usa couro, por exemplo), não utiliza marcas que testam em animais, não compactuam com circos e zoológicos, ou seja, é uma posição de contestação às formas de exploração animal.


Respeito por todos os seres

No yoga a principal premissa é que todos os seres são manifestações de uma mesma consciência, e dessa forma, tudo e todos estão diretamente conectados. Além disso, um dos valores que o sábio Patanjali ensina em seu famoso tratado de yoga, os Yoga Sutras, é Ahimsa, a não-violência. Assim, se todas as coisas são conectadas, agir com violência com outros seres é agir violentamente consigo mesmo, embora isso não seja visível para a maior parte das pessoas.


A indústria da carne reduz o animal a um produto, e dessa forma esvazia completamente o senti da vida. Não existe ética nessa indústria, apenas a preocupação com as cifras que devem ser lucradas no fim de cada mês.


E essa violência se estende às demais formas de vida, incluindo a vida humana, porque para produção de gado, são necessárias imensas áreas de pastagem, e nós estamos vendo a Amazônia e o pantanal em chamas, diversas populações de animais mortos pelo fogo, áreas completamente devastadas para serem usadas da produção de gado de corte. Há ainda o assassinato de populações locais como indígenas e quilombolas.


Dizem que o agro é a indústria que sustenta o país, mas a qual preço? Ou você acha mesmo que o interesse do agronegócio é alimentar a nossa população? É só ver o contexto da pandemia em que os países que mais exportam arroz mundialmente, como o Vietnam, diminuíram suas exportações por fecharem as fronteiras, e o agronegócio brasileiro viu uma oportunidade de ganhar mais dinheiro aumentando seu fornecimento para outros países. Como consequência, a disponibilidade para fornecimento interno diminuiu, o alimento mais básico do prato do brasileiro disparou de preço em meio a uma crise mundial.


Pelas dimensões e recursos que temos disponíveis, o Brasil seria plenamente capaz de produzir alimento para eliminar a fome em toda a extensão do país, mas isso não dá dinheiro para o fazendeiro. O agro é realente pop, e não poupa ninguém.


A luta antiespecista e às formas de exploração


Além do respeito aos animais e a não-violência, o veganismo na minha vida está intimamente ligado a uma conscientização sobre o não-especismo.


Especismo é o ponto de vista de que uma espécie, no caso a humana, tem todo o direito de explorar, escravizar e matar as demais espécies de animais por considerá-las inferiores. É uma visão prepotente e infundada de achar que o animal humano seja de alguma forma superior ao animal não humano, justificando atitudes bárbaras.



Atualmente o código civil classifica os animais como coisas, dessa forma não têm direitos perante a lei. O antiespecismo se trata, dessa forma, sobre a relação de poder entre animais humanos e não humanos. Porque definimos que algumas espécies podem ser mortas para nos alimentarmos e outras são feitas de animais de estimação? Será que o consumo de carne é feito realmente pensando em questões nutricionais, ou está baseado no apreço à diversificação de opções de sabores para nosso paladar: picanha, filé mignon, frango, peixes, rã, coelho, vitela, foie gras, baby bife, lagosta?


Os animais não devem ser considerados “coisas”. Não deveríamos tornar a vida uma mercadoria, exercendo sobre os animais um poder ilusório.


Se você tiver estomago, digite no YouTube “como é feito o foie grass” e depare-se com uma das cenas mais tristes que você pode assistir.


Por isso, o veganismo na minha vida assumiu um papel de resistência a um sistema que já está em colapso. Esse planeta não sustentará por muito tempo o nível de exploração e degradação que vem sofrendo. A mudança será inevitável. Você pode fazer isso agora de forma consciente e gradual, ou terá inevitavelmente que fazer isso num futuro muito próximo, porém de forma forçada e dolorosa. Qual é a sua escolha?

 
 
 

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