A Defesa do Ego (Lidando com a Ofensa)

Quando alguém diz algo ofensivo para você, isso gera uma reação. Você pode reagir externamente retribuindo a ofensa e entrando em uma discussão, ou você pode não demonstrar por fora e reagir internamente ficando envergonhado, entristecido, com raiva ou qualquer sentimento que surja.

A gente fica tão centrado em nossa reação que muitas vezes desconsideramos o estado da outra pessoa e o motivo que a levou a agir dessa determinada maneira.

Se alguém tem um saco de laranjas, ela não poderá te oferecer maçãs. Em outras palavras, as pessoas só podem oferecer aquilo que possuem, o que pode nos levar a enxergas as coisas por uma outra perspectiva.

Muitas vezes as pessoas projetam nos outros as suas próprias frustações. Se alguém é mal tratado pelo chefe no trabalho, talvez a pessoa não queira tomar uma atitude por medo de perder o emprego e desconta no seu parceiro.

O mesmo ocorre nas situações de bullying na escola. Muitas vezes aquele que pratica o bullying sofre da mesma coisa dentro de casa com os pais ou irmãos e extravasa isso dirigindo sua agressividade em alguém mais fraco.

O estado interno de uma pessoa será, inevitavelmente, refletido externamente através de suas palavra e ações. Então o fato da pessoa estar desorganizada por dentro faz com que ela se comunique e se expresse da mesma maneira.

Quando a gente olha a partir dessa perspectiva, a gente passa a entender que as palavras que alguém profere sobre você, dizem mais sobre a própria pessoa do que sobre você.

Pessoas felizes e bem resolvidas podem tecer críticas a você, porém nunca em um tom de agressividade ou de ataque. Elas conseguem elaborar suas opiniões de forma clara e organizada, porque é dessa forma que elas estão internamente.

A identificação com o falso Eu

Voltemos agora a olhar para a reação que uma ofensa causa em nós: a raiva, tristeza, frustração, medo, etc...

Quando alguém dirige uma ofensa a mim, ela tem a intensão de me machucar, de causar uma ferida. Mas o que em mim se fere com ofensa? Qual é a parte em mim que recebe a ofensa e se machuca com ela?

A ofensa é sempre dirigida a nossa identidade, porém, a ideia de “eu” que muitas pessoas fazem é apenas a identificação com uma imagem que foi construída e a gente se identifica com essa imagem. Então qualquer coisa que aconteça com essa imagem, você achar que é algo que acontece com você.

Quando essa imagem é questionada, atacada ou colocada em contradição por alguém, isso gera um tremendo conflito interno. Esse é o motivo pelo qual ficamos tão defensivos e reativos, estamos querendo defender a identidade que construímos, o nosso falso Eu.

Mas a imagem que você tem de si mesmo é apenas uma construção, uma ideia. Ela tem grande parte de sua formação estabelecida na infância, mas continua em constante transformação.

Sua identidade é construída através dos elementos e narrativas que você recebe. Se você nasce em uma determinada religião, por exemplo, irá adora uma série de narrativas que irão fazer com que você se comporte de acordo com aqueles valores.

O mesmo ocorre socialmente, cada grupo de pessoas irá se comportar de acordo com o contexto cultural da região onde vivem.

Nossa reação acontece tão somente para defender algo que em si não é real. Quando nos identificamos com essa falsa imagem, damos o poder aos outros de nos ferir de alguma maneira.

Eventualmente teremos que adquirir a capacidade de não mais colocar valor no que os outros pensam de nós. Isso parte primeiramente da compreensão de que uma ofensa vinda de outra pessoa tem mais a ver com uma condição de desorganização dela, do que de mim.

Em segundo lugar, é necessário compreender que não existe necessidade de defender algo que não é real. Quando sua identidade é questionada você pode avaliar a crítica, refletir se faz sentindo e, se for o caso, fazer mudanças, caso contrário, apenas desconsiderar sabendo que o que foi dito não afeta o seu Eu em essência.

O ponto não é você parar de sentir raiva, frustração ou qualquer outro sentimento, mas quando eles surgirem, você ser capaz de se questionar: qual é a parte da construção do meu personagem que se afeta por essas coisas? Que crenças as sustentam?

Dessa forma, vamos gradativamente aumentando nossa consciência sobre nos mesmos para reconhecer o que é real e o que é apenas umas construção da mente.

Harih Om